terça-feira, 1 de setembro de 2009

Consumir, consumir, consumir...

Você, que está agora lendo esse post: já parou para pensar no que você consome? Ou como consome? Ou que é um ser que, praticamente, só consome? Aposto que sim. Mas já se deu conta que seu ato de consumir vai além do comprar, usar e descartar? E que este mesmo ato influi na questão socioambiental? É sobre isso que quero falar aqui.
Desde a revolução industrial, onde os modos de produção em massa ditaram os novos rumos do sistema, e corroboraram de vez os princípios do capitalismo, vimos caminhando para a (quase) total destruição dos nossos recursos naturais.
Todos os anos, milhões, milhares de toneladas de água, terra, areia, metal, petróleo, madeira, gases, plantas e animais são empregados nas indústrias, para fabricação de um mísero palito de fósforo, até uma enorme turbina de um navio, ou de uma hidrelétrica.

A grande mídia, manipuladora das massas, contribui, com o bombardeio quase que imperceptível, ferrenho, eficiente da publicidade e do marketing, atuando em nossos modos de ser e agir. Temos e não somos. É triste...
Movidos pelo desejo de ter, impregnado em nossos subconscientes, compramos exacerbadamente. Consumimos, então, parte dos recursos naturais utilizados para a fabricação de bens materiais. E não só bens materiais: consumimos cultura, lazer, diversão. E descartamos. Qual não é a quantidade de lixo gerado cada vez que consumimos determinado produto? E o que desperdiçamos? Aí, jogamos aquela embalagem no lixo, que vai pra longe de nossas vistas: pronto, resolveu-se o problema. Mas nem sequer imaginamos um grande problema começando ali. Quase não temos mais aterros sanitários aptos a serem utilizados (digo em Sampa, mas mundialmente também não é muito diferente). Daqui a pouco - olha que isso já foi até cogitado - estaremos mandando lixo pro espaço, literalmente. Até onde chegará a destruição causada pelos impactos antrópicos?
Precisamos rever nossos conceitos, nossos modos de vida, a maneira com a qual nos relacionamos com a Terra: nosso planeta já não suporta tanta exploração. E responde: aquecimento global, maremotos, degelo nas calotas polares, efeito estufa, furacões destruidores, leões comendo gente na África, pela invasão das pessoas ao seu habitat natural, tubarões comendo gente pela falta de alimento, pessoas matando pessoas pela falta de trabalho, educação e oportunidades. Tudo parece caminhar para o pior. A sorte é que podemos nos fortalecer no coletivo, sempre. E repensar nossos atos.
Repense, a partir do momento que compra algo. Procure consumir produtos de empresas responsáveis, procure conhecer tais empresas. Saiba de onde vem e como são fabricados tais produtos. Pense nas condições socioeconômicas e ambientais da localidade onde está instalada tal empresa. Pense quais recursos naturais estão sendo utilizados naquele produto. Não se deixe levar por propagandas estimulantes do consumo: eles querem que você tenha, e não seja. Querem que você pareça ser, e não seja. Querem vender, querem muito dinheiro, o máximo que puderem. Eles te manipulam, te usam. Parafraseando B Negão: ... eles mandam uma qualquer e tu leva fé direitinho, essa é a dança do patinho...
Por fim, pense na cadeia: você comprou um tênis de marca famosa, porque na propaganda aparece o Ronaldo jogando bola, com um tênis muito bacana, bonito, moderno. As pessoas têm este tênis: ele é lindo, confortável, tem ótima qualidade, vale o preço! Vale? Na fábrica, pessoas trabalham 18 horas por dia, para garantir a produção, e ganham mísero salário, de subsistência mesmo.. No córrego que passa ao lado da fábrica, manchas de óleo, água colorida saindo dos canos e tubulações da empresa. Para garantir mão de obra barata, tal empresa se instala na China (ou quem sabe na Índia, ou Brasil), fazendo acordos desiguais, oferecendo quase nada como contrapartida, alimentando o sonho de fazer crescer a economia de tais paises......consome borracha, petróleo, água, energia elétrica. Na loja, o tênis custa 700 reais, mais do que o salário do vendedor da loja. Que por sinal esta lá, pronto pra te atender e garantir sua pobre comissão sobre a venda. Alimentadas pelo desejo de ter um tênis da tal marca, pessoas de menos poder aquisitivo adquirem os seus no camelô: -É quase igual! - exclama o menino. - Nem da para perceber! – dispara a garota - alimentando a pirataria e fazendo com que cada vez mais brasileiros caiam no trabalho informal... aquele, que não garante nada a ninguém... E você na loja, comprando, feliz da vida, seu tênis... Agora sim, você está na moda! E vemos de perto a desigualdade social gritar. E vemos de perto os recursos naturais se exaurirem. E vemos de perto um único consumidor contribuindo com tudo isso.
Simples assim... E tão complexo ao mesmo tempo. Paradoxos da pós-modernidade. Paradigmas a serem quebrados, desconstruidos, para que surja um novo mundo. Eu vou ver? Acho que não... Mas eu vou lutar... e você?

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pelo texto e pelo blog...Seus textos sempre foram ótimos e os melhores. Precisamos de você pra dar nomes à programação!!!...hehe

beijos e boa sorte.

Carlito

Anônimo disse...

...será que o homem quer um mundo melhor e não sabe como....ou será que o homem não quer um mundo melhor!!!! ...agindo como agem....éé.....faz pensar....
tb adorei o texto!
besos,
Rê do 3