quarta-feira, 6 de abril de 2011

a cidade, o caos

 

Post livremente e escancaradamente inspirado no desabafo da amiga Ana Carolina Ayres, no Facebook, que consiste em:

“sabe, tava com frio aqui em casa. resolvi descer pra tomar um sol na rua e aproveitei pra fazer umas coisinhas. bom, minha vontade era ir numa praça ou parque próximo, que não precisasse de bike ou carro. dei conta de que isso não existe por aqui. daí fui fazer as outras coisinhas. essa cidade é LOUCA demais. nada disso é normal, gentemmmm! os caminhões despejando poluição na cara dos pedestres, carros na calçada (quando a calçada existe), transito, funk no ultimo volume vindo dos carros, gente brigando. AFFF! pára que eu quero descerrrrr!”

Eu conheço muita gente que quer uma cidade melhor. Eu conheço muita gente que faz uma cidade melhor. E o melhor aqui entendido como real possibilidade, não como utopia.

Mas, já não é de hoje, nem de ontem, que me pego pensanso no nível de stress ao qual somos expostos por morar e circular na cidade chamada Sampa (para os íntimos). É justamente a falta de transporte público decente, os preços exorbitantes, a poluição atmosférica, visual e sonora, a falta de humanidade dos humanos, o trânsito caótico e outros males que me faz, beeeem lá no fundinho da alma, odiar São Paulo. #prontofalei, e nem foi no Twitter.

Eu vou vivendo assim, nessa relação de amor e ódio mesmo. Um dia inspiradíssima, cheia de vontade de me apropriar da megalópole. Noutro, querendo fugir. E não só fugir nos fins de semana, que são propícios à esse sentimento, mas fugir no meio do dia de uma quarta-feira cinzenta, ensolarada, chuvosa, o que for.

Faltam árvores. Sério. Falta calçada pra andar. Falta espaço de lazer do ladinho de casa. Falta ônibus bom, metrô bom, trem bão sô. Falta favorecimento ao ócio.

Incentivo ao stress, esse não falta nunca!

E quem vive bem nessa loucura, meu deus? Longevas mesmo, de corpo e alma e com qualidade, são as velhinhas que tomam chá da tarde com biscoito no interior, olhando a praça na frente de casa, como já bem disse Rubem Alves. A gente, aqui, fica doente…

E pra espantar a doença? Exercício, boa alimentação, meditação. Eu tento. Claro! Mas quase ninguém pode deixar de trabalhar 7 dias na semana há 4 horas de casa, pra ganhar um salário miserento que não dura 10 dias. e sobra tempo pra espantar a ziquizira da estafa? E dá-lhe altas doses de stress metropolitano. Metros de saco, cheio por sinal.  Quilômetros de congestionamento. Litros de suor. A gota d’água da paciência.

Ah, São Paulo.

Eu Coração vermelhoSão Paulo.

Eu Coração partidoSão Paulo.

E não é assim?