sábado, 20 de novembro de 2010

Repensar… e preparar o terreno

 

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Eu estou em férias. E nas férias, além de organizar a bagunça da casa (gostoso, de verdade) e viajar um tiquinho, a gente pensa muito. E repensa.

E eu, de ontem pra hoje, me peguei pensando no trabalho. Não nos fazeres em si, mas no ideal, na ideologia e nas idéias.Trabalhar com meio ambiente, sustentabilidade, políticas públicas, cidade, saúde, comunidades, etc, não é fácil. Apesar de estar na moda, realmente é um desafio.

Daí que me peguei pensando em como seria se eu tivesse seguido mesmo a carreira de comunicação que iniciei, ou me tornasse uma maquiadora. Musicista, contadora, estilista, videomaker, eu sei lá... Qualquer coisa que não me fizesse necessariamente querer mudar o mundo, e por consequencia me deixasse às vezes triste e desanimada. Pessimista.

Pois às vezes me sinto assim. Querer e trabalhar por uma cidade melhor envolve muita mudança, luta, temos sempre de convencer as pessoas de que mudar pra melhor é bom. Que os fazedores de opinião, os mandas-chuva (é assim que escreve minha gente?) PRECISAM mudar sua postura. Deixar de pensar nos próprios umbigos e pensar nas pessoas. Mas é tão, tão, tão difícil! Porque o ser humano se preocupa mesmo com ele próprio, salvo raras exceções. E daí vemos o que vemos hoje: decadência, destruição, a cidade prestes a entrar em colapso. Ok, Ok, tivemos muito avanços, mas nada realmente significativo a ponto de poder mudar um panorama vindouro.

Mas peraí: esse não era pra ser um post pessimista! Eu não sou pessimista!

Tá na lei maior: a reconstrução vem a partir da destruição. Ação e reação. Caos e ordem. Vários espíritos encarnando, pra mó de elevar esse nosso planetão. De expiação a regeneração. Muitas mudanças a vista nessa nossa bola de terra, água, fogo e ar… Claro, estamos passando por esse tempo de destruição.

E eu – e nós – que estou passando hoje por aqui tô preparando o terreno, não é? É. É isso então! É essa minha expectativa: deixar terreno fértil nas lutas socioambientais pra esses índigos que estão pintando na área e que, num futuro talvez não tão próximo, vão conquistar muito mais do que estamos conquistando hoje e agora.

Pronto, me reanimei! Otimizei! Alegrei! Semear a terra não é algo fácil, não... Preparar a terra, fertilizar o solo, preparar as melhores sementes, medir água, nutrientes, luz e calor… Arrumar os canteiros. O plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória. ‘Bora plantar?

domingo, 14 de novembro de 2010

Nos EUA, leis obrigam manicures a usar esmalte ecológico

Salões de beleza "verdes" passam a adotar produtos que não têm substâncias tóxicas, em cidades como San Francisco e Nova York
PATRICIA LEIGH BROWN
DO "NEW YORK TIMES",
EM SAN FRANCISCO
Vidros de esmalte no Nova Nail Spa incluem o azul Sky Sparkle ("faísca azul") e o rosa Hot Blooded ("de sangue quente"). A cor predominante no elegante salão de Kim Pham, porém, é o verde ecológico. "Meu marido decidiu que deseja que tudo seja natural e ecológico para mim", disse Pham sobre a decisão do casal de abrir um salão de beleza "ecológico", devido à crescente preocupação quanto aos efeitos de elementos químicos de esmaltes, removedores e outros produtos. "Sempre gostei de procurar algo novo", ela acrescentou. "E um salão saudável é diferente para as clientes." Pham está na vanguarda das manicures. San Francisco acaba de aprovar a primeira lei de reconhecimento de salões de beleza ecológicos. O objetivo é reduzir os riscos de saúde ocupacional entre as 1.800 manicures da cidade, muitas das quais de ascendência vietnamita. Nos termos da lei, a cidade identificará publicamente os estabelecimentos que empreguem apenas esmaltes que não contenham tolueno, dibutil ftalato (DBP) e formol, o chamado "trio tóxico". Os três produtos constam da lista de itens potencialmente causadores de câncer ou defeitos congênitos na lei da Califórnia para produtos cosméticos seguros. O DBP, que torna o esmalte menos áspero e impede rachaduras, está associado ao potencial de danos reprodutivos e é especialmente perigoso para as mulheres grávidas (seu uso em cosméticos é proibido na União Europeia). O solvente tolueno, usado nas colas de esmaltes, pode causar enxaquecas, tontura e náusea e está vinculado a perda de memórias recentes e outras questões neurológicas. O formol, usado como endurecedor e preservador, é sabidamente carcinógeno e pode causar asma. Como muitas das profissionais do ramo, Pham é descendente de vietnamitas e muitas vezes tem jornada de trabalho de 10 horas/dia. Cora Roelofs, pesquisadora sobre saúde ocupacional na Universidade de Massachusetts Lowell, que conduziu uma pesquisa de saúde entre as manicures de origem vietnamita nos EUA, disse que a exposição prolongada a esses produtos químicos era muitas vezes exacerbada pela má ventilação. Seu estudo, publicado em 2007, sugere maior incidência de problemas respiratórios e dermatológicos, se comparados aos da população geral. As manicures, ela apontou, "são em geral mulheres jovens e imigrantes, uma população vulnerável".
CONTESTAÇÃO
Doug Schoon, consultor industrial, químico e co-presidente do grupo de trabalho do Nail Manufacturers Council, afirmou que muitos fabricantes já haviam eliminado o trio tóxico de seus produtos. Os esmaltes da OPI, uma marca popular, por exemplo, já não usam dibutil ftalato e tolueno, de acordo com a empresa, ainda que alguns endurecedores de unhas contenham formol. Uyen Nguyen, proprietária de um salão em Oakland, disse que quando sua cunhada, que trabalhou durante 17 anos colando unhas artificiais de acrílico, sofreu um aborto espontâneo, seu médico sugeriu uma conexão. Os salões de Nguyen e Pham oferecem uma linha de esmaltes definidos como "vegan", o que atraiu pelo menos uma resposta cética. "Não sigo dieta vegan; por que pintaria minhas unhas com esmalte vegan?", questionou Eileen Horan, 28, que trabalha como executiva em um banco, enquanto pintava os pés no Nova. Julia Quint, toxicologista especializada em saúde pública, disse que seria necessário testar todas as linhas de esmaltes para "determinar se os fabricantes não substituíram um componente tóxico por outro". Ela acrescentou que "há muita camuflagem posando como ecologia".
LEIS
Neste ano, Nova York aprovou uma lei que requer que proprietários de salões de manicures forneçam luvas e máscaras aos seus funcionários. Em Washington, os funcionários encarregados de detritos tóxicos do condado de King se aliaram a ambientalistas para promover palestras em salões de manicures, conduzidas por uma especialista de origem vietnamita. Uma das recomendações que ela faz é armazenar as bolas de algodão encharcadas de acetona em recipientes metálicos, e não plásticos, para que os componentes voláteis "não se espalhem em forma de gás", disse Laurie Foster, investigadora ambiental do condado. Mas para Jenny Ban, gerente do Love Nails, um animado salão em Oakland, a ideia de um salão ecológico parece exótica. "Eu trabalho e só", ela disse, cercada por esmaltes. "Não sei nada sobre produtos químicos."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Fonte: Folha de São Paulo